Tema: Do humor à
criticidade: uma proposta de trabalho com o gênero charge.
Problema: O
trabalho com a interpretação dos diversos gêneros que circulam no cotidiano dos
alunos tem sido, até certo ponto, uma tônica das aulas de Língua Portuguesa no
Ensino Fundamental nos últimos anos, entretanto, alguns desses gêneros, como a
charge por exemplo, por apresentarem muitos implícitos, subentendidos e
características multimodais, nem sempre são explorados como deveriam. Dessa
forma, o que pode ser feito para que o trabalho com o gênero textual charge
além de proporcionar, muitas vezes, o riso, desperte uma visão crítica e o
gosto pela leitura nos alunos do Ensino Fundamental?
Objetivos
Geral:
Desenvolver
habilidades que possibilitem aos alunos do 9º ano do Ensino Fundamental a
percepção não somente da comicidade das charges, mas também das ideologias, das
ideias implícitas e das críticas ocultas que esse gênero textual costuma
apresentar.
Específicos:
Compreender
as razões que levam os alunos a não perceber nada mais no gênero charge além da
comicidade.
Ampliar
o modo de olhar dos alunos em relação às charges.
Discutir
as ideologias, ideias implícitas e críticas ocultas que geralmente estão
presentes nas charges.
Investigar
como os alunos analisam a linguagem visual das charges.
Analisar
como os alunos relacionam a linguagem verbal e visual das charges com a
realidade concreta.
Propor
atividades que desenvolvam a percepção crítica dos alunos em relação às charges.
Despertar
nos alunos o gosto pela leitura a partir do trabalho com as charges.
Justificativa
O trabalho com a diversidade
de gêneros textuais nas aulas de Língua Portuguesa tem ganhado cada vez mais
espaço nos dias atuais, uma vez que a necessidade de a escola formar leitores
mais competentes perpassa pela tomada de decisões, por parte desta, de
desenvolver atividades mais coerentes e produtivas, valendo-se de textos que os
alunos conheçam e se interessem, distanciando-se do modelo pedagógico
tradicional de usar apenas os textos existentes nos livros didáticos.
Ao agir dessa forma, a escola reforça sua contribuição
para a formação de leitores proficientes, pois segundo Dolz e Schneuwly citado em Bonini et al (2006,
p. 349-350) “é através dos gêneros que as práticas de linguagem
materializam-se nas atividades dos aprendizes”. E,
por conseguinte, deixa de lado o trabalho com os textos apenas como pretextos
para ensinar a gramática e ortografia.
O
trabalho com charges caminha nessa proposta, ou seja, trabalhar com textos
não-escolares. Textos esses que, atualmente, fazem parte do contexto de letramento
dos alunos, no seu cotidiano. Assim, o trabalho com a língua passa a ser uma
atividade social e crítica, exercendo uma leitura de mundo cidadã.
Vale
ainda ressaltar que a linguagem se estabelece na interação entre os sujeitos,
desse modo, a sala de aula passa a ser um espaço de pesquisa-ação-produção, que
pode possibilitar o aumento da capacidade de leitura dos alunos e, como
consequência melhorar a qualidade de suas produções escolares, sejam elas
escritas ou orais.
Os
Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (Brasil 2000) indicam, como uma das
finalidades do ensino fundamental para a Língua Portuguesa, que os alunos sejam
capazes de fazer uso das diferentes linguagens – verbal, matemática, gráfica,
plástica e corporal – como forma para gerar, expressar e comunicar suas ideias,
atendendo a variadas intenções e situações de comunicação. Em outras palavras,
o que os PCN destacam é a necessidade cada vez maior de a escola possibilitar
aos alunos o acesso à diversidade de textos que circulam socialmente e
ensiná-los a produzir e interpretar esses textos.
Desse
modo, acredita-se que a multimodalidade existente nas Charges possibilite e estimule
os educandos à prática da leitura, uma vez que o contato com esse gênero
textual, leve e agradável, possibilita uma intimidade com o ato de ler
(CHIAPPINI, 1997).
Assim,
o fato de a charge ser uma forma de linguagem contemporânea que interage a linguagem
escrita e a linguagem visual, estar se solidificando como um importante
instrumento de propagação cultural e de formação educacional para pessoas de
diferentes idades e ser ainda o gênero através do qual uma parcela
significativa de crianças e adolescentes tem contato com as linguagens
plásticas desenhadas e iniciam seu contato com a linguagem cinematográfica e a
literatura, são as razões mais contundentes para justificar a elaboração deste
projeto.