quinta-feira, 20 de novembro de 2014


Tema: Do humor à criticidade: uma proposta de trabalho com o gênero charge.

Problema: O trabalho com a interpretação dos diversos gêneros que circulam no cotidiano dos alunos tem sido, até certo ponto, uma tônica das aulas de Língua Portuguesa no Ensino Fundamental nos últimos anos, entretanto, alguns desses gêneros, como a charge por exemplo, por apresentarem muitos implícitos, subentendidos e características multimodais, nem sempre são explorados como deveriam. Dessa forma, o que pode ser feito para que o trabalho com o gênero textual charge além de proporcionar, muitas vezes, o riso, desperte uma visão crítica e o gosto pela leitura nos alunos do Ensino Fundamental?


Objetivos

Geral:

Desenvolver habilidades que possibilitem aos alunos do 9º ano do Ensino Fundamental a percepção não somente da comicidade das charges, mas também das ideologias, das ideias implícitas e das críticas ocultas que esse gênero textual costuma apresentar.

Específicos:

Compreender as razões que levam os alunos a não perceber nada mais no gênero charge além da comicidade.
Ampliar o modo de olhar dos alunos em relação às charges.
Discutir as ideologias, ideias implícitas e críticas ocultas que geralmente estão presentes nas charges.
Investigar como os alunos analisam a linguagem visual das charges.
Analisar como os alunos relacionam a linguagem verbal e visual das charges com a realidade concreta.
Propor atividades que desenvolvam a percepção crítica dos alunos em relação às charges.
Despertar nos alunos o gosto pela leitura a partir do trabalho com as charges.

Justificativa

O trabalho com a diversidade de gêneros textuais nas aulas de Língua Portuguesa tem ganhado cada vez mais espaço nos dias atuais, uma vez que a necessidade de a escola formar leitores mais competentes perpassa pela tomada de decisões, por parte desta, de desenvolver atividades mais coerentes e produtivas, valendo-se de textos que os alunos conheçam e se interessem, distanciando-se do modelo pedagógico tradicional de usar apenas os textos existentes nos livros didáticos.
Ao agir dessa forma, a escola reforça sua contribuição para a formação de leitores proficientes, pois segundo Dolz e Schneuwly citado em Bonini et al (2006, p. 349-350) “é através dos gêneros que as práticas de linguagem materializam-se nas atividades dos aprendizes”. E, por conseguinte, deixa de lado o trabalho com os textos apenas como pretextos para ensinar a gramática e ortografia.
O trabalho com charges caminha nessa proposta, ou seja, trabalhar com textos não-escolares. Textos esses que, atualmente, fazem parte do contexto de letramento dos alunos, no seu cotidiano. Assim, o trabalho com a língua passa a ser uma atividade social e crítica, exercendo uma leitura de mundo cidadã.
Vale ainda ressaltar que a linguagem se estabelece na interação entre os sujeitos, desse modo, a sala de aula passa a ser um espaço de pesquisa-ação-produção, que pode possibilitar o aumento da capacidade de leitura dos alunos e, como consequência melhorar a qualidade de suas produções escolares, sejam elas escritas ou orais.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (Brasil 2000) indicam, como uma das finalidades do ensino fundamental para a Língua Portuguesa, que os alunos sejam capazes de fazer uso das diferentes linguagens – verbal, matemática, gráfica, plástica e corporal – como forma para gerar, expressar e comunicar suas ideias, atendendo a variadas intenções e situações de comunicação. Em outras palavras, o que os PCN destacam é a necessidade cada vez maior de a escola possibilitar aos alunos o acesso à diversidade de textos que circulam socialmente e ensiná-los a produzir e interpretar esses textos.
Desse modo, acredita-se que a multimodalidade existente nas Charges possibilite e estimule os educandos à prática da leitura, uma vez que o contato com esse gênero textual, leve e agradável, possibilita uma intimidade com o ato de ler (CHIAPPINI, 1997).

Assim, o fato de a charge ser uma forma de linguagem contemporânea que interage a linguagem escrita e a linguagem visual, estar se solidificando como um importante instrumento de propagação cultural e de formação educacional para pessoas de diferentes idades e ser ainda o gênero através do qual uma parcela significativa de crianças e adolescentes tem contato com as linguagens plásticas desenhadas e iniciam seu contato com a linguagem cinematográfica e a literatura, são as razões mais contundentes para justificar a elaboração deste projeto.

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